Diário de Campanha

Dungeons & Dragons - Forgotten Realms 3.5 - São Paulo / SP / Brasil

Aqui está e será publicado todo o meu trabalho como Dungeon Master. A campanha data do início de 2007, onde os seis meses iniciais foram necessários para a criação da estória (história) chamada “Cofre dos Deuses”, composta das crônicas:

“Casa de Prata”; com localização inicial em Lua Argêntea.
“Legiões de Tamoril”; na Cidadela de Tamoril.
“Serpente Branca”; na cidade de Águas Profundas.
“Vingança em Prata”; localizada na cidade de Luskan.

Criei apenas um esboço com fatos importantes, algumas dezenas de Personagens do Mestre e as chaves que poderiam desenvolver a aventura. Tentei tratar as crônicas como estórias relacionadas, porém não lineares, dando aos jogadores a opção de escolher qual delas fazer ou não.

Dungeon Master

28 de fev. de 2010

A Guardiã

Nas entranhas da floresta da lua, nos domínios do povo de sangue negro, os guardiões conhecidos como “Espadas de Helm” caem em combate. Um guerreiro após o outro é derrotado diante dos olhos incrédulos de Lion “Lâminas Bastardas”, seu comandante Ghirt “Manopla Guardiã” havia profetizado a queda do grupo. O grande e barbudo guerreiro, uma barba que mais parecia a juba de um imponente leão, não conseguia acreditar que a arrogância o havia cegado, reagir às garras e mordidas de seus inimigos tornou-se irrelevante. A morte de seus bravos soldados era um fardo que não poderia suportar, ao olhar em todas as direções no campo de batalha que a clareira usada como acampamento havia se transformado a glória é vislumbrada na forma personificada de uma guerreira. Lion observa a única sobrevivente lutar com a dignidade que ele próprio havia perdido “Zaidra, não permitirei que tu morras”, recobrado seu espírito de combate e com o propósito renovado Lion abandona seus desafiantes e parte em resgate desferindo golpes furiosos em todos que tentam impedi-lo.

Banhado em seu próprio sangue e com Zaidra em seus braços, Lion corre abandonando suas espadas e seus companheiros, seu sangue ferve e a infecção já é sentida em suas feridas. Após árduos minutos Lion sai da floresta chegando ao caminho que corta o leste em direção à Lua Argêntea, com muito cuidado deposita Zaidra á beira da estrada e uma última saudação é feita à jovem guerreira. Rapidamente retorna às profundezas da floresta gritando e quebrando tudo em sua frente, “Venham malditos! Estou pronto, esmagarei seus crânios com minhas próprias mãos!”.

***

Ao acordar Zaidra depara-se com um estranho homem que possuía cabelos e vestes em tonalidades de cinza idênticas, como se suas roupas fossem feitas de seus próprios cabelos. O homem portava um livro de mesma coloração e com sua mão livre apalpava a cintura de Zaidra, “O que pensa estar fazendo? Homem cinza!”, ao perceber que a jovem havia despertado Ygra conhecido por “Manto Cinza” interrompe a massagem de óleos medicinais, “Passando óleos curativos em suas feridas... e observando seu físico perfeito, deve ser uma poderosa combatente de Helm pelo que vejo”. Alguns segundos passam e Zaidra envergonhada e com seu rosto corado pergunta “Onde estou... e quem é você?”.

“Manto Cinza” um experiente homem, culto e possuidor de conhecimentos que muitos com o dobro de sua idade nunca sonhariam em ter, sabe que a jovem não contará o que promoveu suas feridas, um soldado como aquele nunca contaria seus segredos de missão a um estranho, mesmo que esse estranho fosse seu salvador. “Sou Ygra devoto de Kelemvor, e tu estás no templo de meu Deus em Lua Argêntea... uma caravana de mercadores a encontrou na beira da estrada e chegando a cidade trouxeram seu corpo quase sem vida”. Demonstrando puro desapontamento Zaidra balbucia “Deveria ter permitido a glória da morte”, reclamação essa direcionada não só a intervenção de Ygra, mas como a de seu mestre Lion.

Ygra com um estranho sorriso responde ao desabafo de Zaidra “A morte é justa e nada mais, não existe glória ao morrer, apenas em vida a glória é relevante, na morte são as escolhas que tu fizeste em vida que realmente importam... o fato de estar viva é mérito apenas seu, minha parte ficou restrita em limpar suas feridas e esperar”. Naquele momento Zaidra não tinha como pesar as palavras de Ygra, mas aquele discurso iria ecoar por vários momentos em sua vida.

A porta do quarto estava aberta e a guerreira foi a primeira avistar o jovem, “Bom dia Ygra, bom dia”, a segunda saudação direcionada à Zaidra, “Como está?”. “Ela está ótima”, ao levantar-se Ygra aponta em direção ao jovem “Este é Vellor Trusk, ele está aqui para fazer duas perguntas, responda se desejar”. Vellor adentra o quarto enquanto Ygra sai fechando a porta, o jovem Trusk um homem de poucas palavras, sempre objetivo, estava vestindo sua armadura e portando suas armas. Seu mestre e líder da igreja de Kelemvor em Lua Argêntea, Klabec “Manto Negro”, havia ensinado que ser objetivo e desconfiado são virtudes vitais para sobrevivência. “Seu nome e função no clero de Helm”, Vellor completa “responda”, sua voz e expressão desprovidas de emoção intimidariam muitos homens, mas não aquela guerreira.

“Zaidra é meu nome, devota do guardião”, cheia de orgulho completa “Sou guardiã”, nem a pior das torturas poderiam extrair respostas de um guardião e Vellor sabia disso. A curiosidade de seu mestre não seria satisfeita dessa vez, Trusk remove seu elmo e com um olhar mais suave pergunta “Guardiã Zaidra, deseja que o templo de Helm seja informado de sua presença?” Surpresa Zaidra responde “Sim, seria bom”. “Considere feito, agora descanse” Vellor sai do quarto deixando Zaidra confusa.

***

Saindo do quarto Trusk avista Ygra sentado em uma poltrona ao final do corredor, enquanto o homem de cinza toma sua leitura o jovem Vellor aproxima-se.

“Sobre a reunião, Klabec expediu alguma ordem?” Ygra fecha seu livro e ao levantar responde “Sim, mas a ordem foi direcionada à minha pessoa, o mestre Klabec não citou seu nome” “Não compreendo, minha presença não será permitida? Devo recusar o convite de Diewolves?” Vellor indaga mostrando um raro nervosismo.

“Calma Vellor, faremos exatamente o que foi combinado até agora, a única mudança é que tu estas livre para escolher”. Ygra percebe que Vellor continuou não entendendo e assim completa “Esta livre para escolher, siga seu coração, siga o que achar verdadeiro e justo... estarei pronto antes do crepúsculo, espero você no salão principal” fazendo um sinal de despedida Ygra entra em seu quarto fechando a porta e deixando Vellor para trás.

***

A mulher, conhecida como Zaidra, A Guardiã, possuía físico fora do comum até mesmo quando comparado ao de um homem, sua musculatura era perfeita, sua vida foi forjada no fogo do combate e o treinamento que recebeu de Lion poucos homens suportariam. Graças aos cuidados de Ygra e sua saúde impecável já estava completamente curada.

Pouco depois do almoço, no exato momento que o criado retirava os utensílios utilizados na farta refeição de Zaidra, o jovem Trusk adentra o quarto. “Guardiã! Localizei teu mestre, Ghirt anseia por reencontrá-la” diz Vellor demonstrando plena satisfação ao completar mais essa demanda, “Irei escoltá-la, partiremos imediatamente”, Zaidra aprova as palavras de Trusk e inicia os preparativos.

Não muito tempo depois os dois jovens estavam aos pés da escadaria do templo branco e cinza, observando o mármore, o marfim e o aço, que combinados formavam um dos mais belos e imponentes edifícios de Lua Argêntea. “Boa sorte soldado, conforto e justiça Guardiã” Vellor diz enquanto toma o caminho de volta.

Zaidra é recepcionada por um noviço e levada imediatamente ao salão principal. Cercado por muitos alunos, Ghirt, ao perceber a chegada de Zaidra interrompe a aula, parte em direção da guerreira com seus braços abertos e um semblante pesado. “Oh minha irmã, que os erros de Lion, seu mentor, sejam analisados e convertidos em sabedoria para que não venham a ser repetidos”, Zaidra ao ouvir tais palavras não consegue controlar sua língua e responde ao seu superior esquecendo-se brevemente da hierarquia que a comanda. “Ó senhor e mestre, nunca deveremos esquecer Lion, Lâmina Bastarda, um poderoso e digno soldado desta igreja, e o maior devoto de Helm que já conheci. Sua queda é considerada um erro apenas por não ter saído vitorioso em sua ultima batalha? Detalhe que impede o senhor e muitos outros considerarem o leão de Helm um verdadeiro herói!”, a ousadia de Zaidra não incomoda o clérigo, normalmente Ghirt é um homem duro e muito ligado ao poder hierárquico, mas sabe que a jovem tem razão em alguns pontos. “Sim minha cara, Lion foi um herói, prova disso é você aqui em carne e osso desacatando seu mestre...” após um momento de tensão Ghirt abre um sorriso e abraça Zaidra, “Vamos soldado, vou precisar de sua espada ainda hoje e temos muito a conversar”.

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