Diário de Campanha

Dungeons & Dragons - Forgotten Realms 3.5 - São Paulo / SP / Brasil

Aqui está e será publicado todo o meu trabalho como Dungeon Master. A campanha data do início de 2007, onde os seis meses iniciais foram necessários para a criação da estória (história) chamada “Cofre dos Deuses”, composta das crônicas:

“Casa de Prata”; com localização inicial em Lua Argêntea.
“Legiões de Tamoril”; na Cidadela de Tamoril.
“Serpente Branca”; na cidade de Águas Profundas.
“Vingança em Prata”; localizada na cidade de Luskan.

Criei apenas um esboço com fatos importantes, algumas dezenas de Personagens do Mestre e as chaves que poderiam desenvolver a aventura. Tentei tratar as crônicas como estórias relacionadas, porém não lineares, dando aos jogadores a opção de escolher qual delas fazer ou não.

Dungeon Master

21 de jan. de 2011

A Reunião

O brilho do sol havia desaparecido e a figura encapuzada permanecia imóvel, observando das sombras a bela casa conhecida apenas por "Casa de Prata", tido como um simples local para discussões religiosas entre as igrejas de Helm e Torm.

Com a paciência já esgotada Claude finalmente decide aproximar-se, próximo da entrada percebe duas figuras vindo em direção de seu objetivo, Westbright rapidamente tenta ocultar-se nas sombras, sem saber se foi detectado observa o homem com trajes e cabelos acinzentados acompanhado por um jovem fortemente armado e de semblante sério. O homem cinza portava um curioso livro. Claude sabia que a chance de ter sido visto era grande, porém manteve sua posição até ser chamado.

"Vamos! Saia e diga o que deseja!" disse o homem em cinza.

Saindo de seu esconderijo prontamente se apresenta "Boa noite senhores, meu nome é Claude Westbright e estou aqui como convidado da Casa de Prata", entregando todas as informações como meio de ganhar confiança e amenizar seu ato que mais pareceu uma emboscada.

"Somos três então, porém não entendo o motivo de tanta cautela" completa ao olhar para o jovem Vellor "Sou Ygra, Manto Cinza, e este é Vellor Trusk, somos devotos do Juiz dos Condenados". Após alguns segundos de silêncio, Trusk demonstrando impaciência diz "Senhores, vamos logo! A reunião provavelmente já começou". Claude responde "Duvido senhor Trusk, mas concordo em irmos agora".

***

No interior da bela casa os homens foram recepcionados por um velho e distinto empregado, "Boa noite senhores, sou Rumaias mordomo da Casa de Prata, peço a todos que deixem armas e itens que possam ser utilizados como arma neste baú". Rumaias com um sorriso no rosto pede o livro de Ygra para também ser guardado, após todos os três homens deixarem seus pertences na caixa, o empregado completa "Bem vindos à Casa de Prata, meus senhores estão na última sala deste corredor, boa sorte", todos os três respondem em uníssono "Obrigado Rumaias".

Definitivamente a casa era maior do que aparentava, havia uma infinidade de cômodos no corredor térreo e o número de andares parecia superar ao que era visto na fachada. Ao adentrar a sala indicada por Rumaias dois indivíduos são facilmente identificados na penumbra, iluminada apenas por uma fraca chama da lareira, porém uma terceira figura em um dos cantos estava quase totalmente oculta e somente o jovem Vellor não havia notado sua presença. "Boa noite senhores, somos convida..." Claude tenta apresentar o trio porém o homem de cabelos longos e linhas faciais delicadas o impede de continuar "Senhor Westbright, vamos esperar os outros convidados".

O homem que impedirá Claude de apresentar-se estava sentado em uma das pontas da grande mesa central, lia um dos muitos livros que estavam na sala, haviam centenas deles, na mesa, em estantes e até no chão. O outro homem estava em pé e de costas, observava um mapa dependurado na parede, usava capa com um grande símbolo de Helm. O que lia também portava um símbolo, o de Torm, em seu roupão na altura do peito, "Por favor" diz apontando para os assentos disponíveis, em seguida retoma sua leitura. Somente Ygra e Vellor aceitam o convite, Claude permaneceu em pé sempre com os olhos na sombra imóvel do canto da sala.

Não demorou muito até que outro convidado chegasse, era Diewolves, sem muita cerimônia sentou ao lado de Vellor trocando um breve cumprimento. Discretamente acena para Claude que responde com a mesma discrição. Pouco tempo depois os últimos convidados adentram a sala, Hannul e Nargaroth, o ambiente é tomado por um súbito "ar pesado", uma rivalidade misturada com ódio, tanto Hannul quanto Diewolves não desviavam seu olhar do olhar do rival. Essa tensão não foi quebrada, apenas substituída quando Claude decide sentar ao lado de Hannul. Diewolves transfere todo aquele ódio ameaçador para Westbright, que finge não importar-se.

***

O silêncio foi quebrado quando o homem sentado na ponta da mesa fecha seu livro de forma ruidosa. "Boa noite senhores... sou Telf, conhecido como manopla atacante e aquele homem próximo ao mapa é Ghirt, manopla guardiã. Somos membros do grupo manoplas irmãs", com a batida de seu punho na mesa Telf consegue quebrar a tensão remanescente entre Hannul e Diewolves. "Por favor senhores, sejamos profissionais!" completa após obter a atenção de todos, "Serei direto, os senhores foram chamados aqui por possuírem habilidades ou conhecimentos essenciais para a execução de uma importante demanda". Apontando em direção da elfa, Telf indaga "Diga Hannul, quem você trouxe para esta reunião?". Imediatamente Hannul se levanta, "Meu irmão Nargaroth! Seu mestre Aduth e anos de boêmia não são tão inúteis como imaginei. Ele possui conhecimento folclórico, histórico e contatos em quase todas as cidades do norte". Voltando seu olhar para Diewolves, um olhar repleto de satisfação, Hannul finaliza sua apresentação, "Trago também a esta nobre reunião o especialista em avaliação, estudioso das artes, da sociedade e hábil com as palavras. Claude Westbright". Diewolves violentamente salta de sua cadeira, rapidamente saca uma adaga escondida em sua braçadeira e com a lâmina encostada no pescoço de Hannul grita, "Maldita! Trapaceira!". Ghirt imediatamente faz um sinal elevando seu braço, a figura escondida nas sombras desembainha sua espada e posiciona-se para desferir um ataque mortal. Diewolves não esboça nenhuma preocupação com a figura misteriosa, que obviamente já havia sido detectada antes por ele. "Deveria fazer outra cicatriz em seu pescoço, para acompanhar está que fiz anos atrás!" diz enquanto retira sua adaga e crava a lâmina na madeira da mesa. "Diewolves! Rumaias avisou! Em hipótese alguma armas são permitidas neste recinto!" diz Ghirt demonstrando não apenas insatisfação mas também a falta de surpresa pelo ato insolente do caçador.

Inabalado com a situação, Ygra de forma serena levanta de seu assento e diz "Senhores, desculpem atrapalhar sua diversão mas tenho um pronunciamento a fazer antes que continuem. Estou aqui representando os interesses de Klabec, Manto Negro, representante supremo do templo do Juiz dos Condenados em Lua Argêntea, e o que me foi ordenado irei fazê-lo agora - Nós servos da justiça no fim, não possuímos nenhum interesse em buscar, auxiliar ou reaver o direito pelo que morreu, os terríveis acontecimentos do passado devem ser esquecidos - portanto devo me retirar desta honrada reunião, obrigado". Antes mesmo de chegar próximo da saída Ygra é bloqueado pelo robusto Ghirt, "Seu mestre além de senil é covarde?" diz Ghirt aparentemente não causando nenhum efeito no homem acinzentado. "Senhor Ghirt, manopla guardiã, entendo a dor da perda de seus companheiros que morreram lado à lado de meus falecidos irmãos de fé, porém Klabec perdeu muito mais, perdeu seus amigos, sua família e sua casa, são feridas que justificam sua atitude... mas olhe! são dois os sobreviventes daquela tragédia e um continua sentado à mesa" após alguns segundos Ghirt permite a passagem de Ygra e diz, descontando a raiva que sentia no primeiro que lhe veio a mente "Você também Diewolves, pode ir, não conseguiu nada de útil". Com um sorriso sinistro Diewolves olha dentro dos olhos de Hannul primeiramente, que suporta a provocação, após isso Claude é encarado mas não resiste ao olhar bestial e ameaçador do caçador e desvia o seu próprio olhar para baixo. "Boa noite senhores, nos encontraremos novamente senhor Westbright" diz Diewolves cheio de maldade ao sair acompanhado por Ygra.

***

O homem robusto e de temperamento explosivo, conhecido como Manopla Guardiã, não conseguia aceitar a negativa recebida por parte de Klabec e mesmo após uma pausa na reunião não parava com comentários de desaprovação. "Acabou Telf, sem o velho não existe busca" completa Ghirt com um tom desrespeitoso "Isso é um ato de traição a memória dos companheiros perdidos". Foi a gota d'água para Vellor, "Já chega! Não permitirei mais esse desrespeito com meu mestre..." respirando fundo Trusk continua "Senhor Ghirt e senhor Telf, estou aqui seguindo meu coração e caminhando contra as ordens de meu mentor, Klabec tem seus motivos para não participar desta demanda, e respeito essa posição, mas como já foi dito existem dois sobreviventes do monastério e sou o que está disposto à ajudar...". Ghirt responde com desdém "Você era uma criança, quase um bebê, não possui informações úteis...", subitamente é interrompido por Telf, "Vellor tem razão Ghirt, já chega!".

Após um breve momento de silêncio, quebrado apenas pelos pequenos estouros da lenha na lareira, Telf levanta de seu assento e diz "Bom, vamos do começo... Nossa missão é localizar e descobrir a situação atual de um monastério, que foi perdido a pouco mais de dez anos, sobreviventes conhecidos apenas Klabec e Vellor... lembro de Klabec chegando ao portão norte com Vellor em seus braços, foi Torm que me colocou naquela tarde de verão no portão para presenciar tal cena... um ano antes desse acontecimento um grupo de guardiões liderados pelo iluminado Tilgh, irmão mais velho de Ghirt, partiu rumo a esse monastério guiado por poderosas visões. O próprio Klabec admitiu que tal grupo chegou ao monastério e foram bem recebidos. Porém nem Klabec, ao que parece, sabe detalhes do motivo de seguidores de Helm irem morar em um recém fixado monastério de Kelemvor... Há relatos de inúmeros outros peregrinos, de raças e religiões diversas, vindos das mais remotas regiões de Toril, ocorridas nesse mesmo período, guiados por visões ou outras forças, todos com o mesmo objetivo... O Templo dos Mortos. A passagem destes peregrinos pelas cidades do norte e os poucos relatos de Klabec nos dão possivelmente a maior pista de nossos estudos, que o monastério fica no norte, provavelmente nos ermos próximos da espinha do mundo. A origem dessa construção é um mistério, as possibilidades são infinitas já o norte possui inúmeras ruínas, porém alguns estudos pessoais indicam dados interessantes sobre uma ordem do antigo Deus da Morte, Myrkul, o rumor da existência de um grande templo de localização secreta existe em vários escritos dessa extinta igreja, mas a possível localização não pode ser definida, esses documentos são originários de diversos locais e muito vago nas informações. Além disso muita coisa foi destruída ou perdida durante a inquisição que os seguidores do Sol Negro promoveram contra essas igrejas... Oh, desculpem, alguma pergunta?"

Chamando atenção para si Claude primeiramente justifica sua indagação, "Bom, como já foi dito sou um estudante da Arte, um aprendiz no quesito execução, mas possuo estudo sociológico, histórico e folclórico e sei que senhores respeitados e de cargos tão importantes em poderosas estruturas religiosas como são as igrejas de Helm e Torm, possuem acesso a incríveis conhecimentos da Arte e a possibilidade de consultar algum oráculo... Minha pergunta é - Como foram essas tentativas?" Telf responde prontamente, "Inconclusivas, as visões são anuviadas por alguma força e a Arte é inútil nesse caso... que fique claro a todos, tentamos obter o máximo de informação..." percebendo a frustração Telf completa, "Porém não tentamos tudo ainda, uma pesquisa de campo é o próximo passo... na verdade já foi iniciada por Hannul e Diewolves em linhas distintas, obviamente teremos que seguir a proposta de Hannul. Gostaria de explicá-la agora?" pergunta direcionada a elfa.

Agora é Hannul a ficar de pé, "Sim claro... vamos lá... meu amigo e ex-aluno Losh, Presas do Leão, uma vez me disse conhecer um tal de Doogth... Doogth Harpell e sua família que mora em uma fazenda secreta ao norte daqui... ele deve ser muito bom em ocultar fazendas, nunca encontrei o local. Continuando, segundo Losh esse homem possui muito conhecimento sobre o norte, além de contatos extraordinários, por exemplo, esse Doogth é amigo da lendária Velha Noite e possui livre acesso às dependências do Grande Arauto. Acredito que podemos começar por aí..."

"Excelente trabalho Hannul!" diz Ghirt demonstrando surpresa e satisfação ao ouvir as boas novas.

Com um sorriso no rosto Telf proclama "Está decidido, se todos concordarem e aceitarem a demanda começarão por buscar informações com esse Sábio". Em uníssono todos dizem "Sim, concordamos". Telf em uma postura cerimonial finaliza "Então o grupo está formado, Claude Westbright, o político, Nargaroth, o arauto, Vellor Trusk, a fé e..." Telf é interrompido imediatamente por Ghirt "E... Zaidra, a Guardiã, ela será sua guarda-costas". Saindo da sombras apenas Vellor reconhece a poderosa guerreira. "Meu juramento é a minha vida, e protegerei a vida de todos com ele" diz Zaidra firme em suas palavras.

Claude após aprovar as palavras de Zaidra com um acenar de cabeça volta seu olhar para Telf e pergunta, "Seremos pagos pelo serviço, certo?". Telf gargalha e após recuperar seu fôlego responde "Obviamente, e todos os gastos da viagem serão pagos pela casa de prata". Nitidamente aliviado e empolgado com a resposta Claude finaliza "Hannul nos guiará até Losh, aí estaremos a um passo de descobrir boas informações, tenho um ótimo pressentimento sobre esse Sábio...Ah Doogth... Harpeeeeell..." subitamente Westbright vai ao chão, em um desmaio, Hannul e Nargaroth mais próximos tentam aparar a queda, todos na sala boquiabertos correm para ajudar, Ghirt sai aos gritos chamando por Rumaias.

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